Monólogo ‘KIM – O amor é a tua cura’ retorna aos palcos no dia 21 de agosto

Monólogo ‘KIM – O amor é a tua cura’ retorna aos palcos no dia 21 de agosto no Teatro Cândido Mendes retratando a luta pela aceitação na vida de uma travesti 

Após temporada de sucesso em maio, a montagem ficará em cartaz até o dia 03 de outubro em Ipanema e é interpretada por Lucilla Diaz, dirigida por Alessandro Brandão, e conta ainda com duas participações especiais que refletem a representatividade do espetáculo, com a atriz ativista travesti Dandara Vital e a pianista, atriz, cantora e mulher trans, Vivian Fróes. 

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Crédito: Daniel Lopes/Divulgação 

Após uma temporada de sucesso em maio deste ano conquistando o público, a peça “Kim – O Amor é a tua cura”, volta aos palcos e chega no dia 21 de agosto ao Teatro Cândido Mendes, em Ipanema, promovendo a urgência de se falar sobre questões de gênero e mostrando o universo das travestis. Como novidade para a nova estreia e mais uma ação de representatividade, o espetáculo – que fica em cartaz até o dia 03 de outubro – reforça seu elenco e terá a participação da pianista clássica, cantora, atriz e mulher trans, Vivian Fróes. Ela acompanha a trajetória de Kim em cena. 

Kim – O Amor é a tua cura”, é um drama retratando a natureza cruel do ser humano e suas falsas realidades, mas dando prioridade à expressão de sentimentos. Numa livre adaptação do texto UNHAS de Marco Calvani, numa visão crítica e sem pudores, trata da solidão, angústia, miséria, preconceito, abandono e doenças psíquicas. Clama o desejo de transformar a vida, de alargar as dimensões da imaginação e renovar o olhar ao próximo, aceitando as possíveis diferenças. Essa montagem prima pelo respeito à liberdade individual, aceitando a subjetividade, o irracionalismo, o arrebatamento pelos temas moralmente proibídos – o sensual e o sexual.

Estrelado pela atriz Lucilla Diaz, que tem a árdua tarefa de sensibilizar e motivar reflexões entranhando-se na consciência dos seus expectadores, o monólogo é dirigido por Alessandro Brandão e tem a atriz ativista travesti Dandara Vital como assistente de direção e participação especial em cena. O espetáculo conta a história de uma travesti chamada Kim, que se depara com um impasse muito grande na vida dela: o fato agravante de não ser aceita por seu corpo e o de ser repreendida. A sociedade não aceita o que ela é e suas formas, impondo que ela se transforme e faça o que muitos chamam de “higienização”, se tornando assim uma pessoa aceitável socialmente.

O projeto pretende ser o reflexo de uma visão emocional dessa triste realidade, abrindo os sentidos da plateia ao mundo interior da personagem, com todos seus anseios em relação às questões da vida e da morte. Fruto das peculiares circunstâncias da vida, vem revelar seu lado pessimista e a angústia existencialista do indivíduo numa sociedade pós-moderna que ainda segrega, desqualifica, oprime e rechaça pessoas “diferentes” a um lugar de invisibilidade.

Com discurso em sua maioria em terceira pessoa, a atriz relata todo o sofrimento de Kim contando situações vividas, momentos de tristeza e sofrimento por ser excluída, não só pela sociedade, mas também por sua família, até que opta por se suicidar. A ideia de montar a peça partiu da própria atriz, Lucilla, que quando vivia na Itália conheceu o autor do texto e passou a se interessar pelo universo das travestis.

Sou apaixonada por essa história. Durante as minhas pesquisas, meus laboratórios, fui me encantando pela população Trans e pela história e luta de cada uma dessas pessoas. A empatia foi inevitável. Abracei a causa e fui afetada profundamente, fiz amizades e criei laços. São pessoas lindas, e são marginalizadas. A peça toca exatamente no ponto das consequências dessa não aceitação – o assassinato social. Que nada mais é que o suicídio de pessoas Trans porque não lhes é permitido viver como são. O suicídio é a segunda maior causa de morte de pessoas Trans no Brasil. Esse trabalho é uma denúncia, um grito à sociedade transofóbica e homofóbica que vivemos. Fala de amor, de humanidade, inclusão e respeito.”, conta Lucilla.

O diretor Alessandro Brandão, que também é ator e viveu uma drag na novela “Pega Pega” da TV Globo e faz parte de uma dupla de dragqueens cantoras, diz que na hora que leu o texto e foi convidado por Lucilla para dirigir o espetáculo, percebeu que o texto é uma denúncia e que deseja que através da peça as pessoas sejam tocadas e percebam as maldades que sociedade traz as travestis.

Eu quero que a sociedade veja que vem dela a crueldade perante àquelas pessoas, é uma ordem social cruel que impõem que elas precisam ser marginalizadas, escondidas na escuridão social, pois não se permite a uma travesti ser professora da escola dos nossos filhos, não se aceita uma travesti sendo votada e virando vereadora, então a sociedade impõe a travesti esse lugar de exclusão. O que eu quero com esse trabalho é mostrar as travestis que a culpa é da sociedade, somos nós que não temos o olhar e nem o amor necessário para aceita-las”.

Alessandro explica que a peça é trabalhada com o viés da exclusão social e através deste viés que eles pretendem tocar o público e fazer com que eles se identifiquem com essa exclusão: “Todo mundo já se sentiu excluído socialmente pelo menos uma vez na vida, seja pelo jeito afeminado, ou pela cor da sua pele, ou por estar acima do peso, ou por não ter a altura ideal, ou por ter o cabelo diferente e no espetáculo a gente pega esses pontos que são comuns entre todos para fazer com que o público se identifique um pouco com a situação das travestis”.

Lucilla complementa: “Esse é um teatro que faz uma denúncia, que faz você sair do teatro mexido, te faz refletir, te faz pensar. A gente fica no nosso mundinho, olhando para o nosso próprio umbigo e julgando, colocando rótulos e não temos a menor ideia do sofrimento, da problemática, das questões alheias. A gente põe um rótulo, a gente julga, mas não sabe o caminho que aquela pessoa percorreu para sobreviver. A partir do momento que você conhece a causa não tem como não se envolver, é algo que me toca profundamente”.

A melhor forma de falar de inclusão é inserindo na realidade essas pessoas que são discriminadas ”

Alessandro conta ainda que quando foi procurado por Lucilla para dirigir a peça se preocupou com o fato dela não ser uma atriz travesti e que fez questão de incluir na equipe pessoas travestis, transexuais, drags: “Vivemos em um momento no qual se discute muito o trans fake. Eu me preocupei muito em não me fechar para essas pessoas pois estamos falando de inclusão, então, nada mais justo que eu inclua essas pessoas que são discriminadas e que ficam orbitando em volta do nosso mercado. Fiz questão de ter uma produtora trans, que é Aurora, de ter a Dandara dirigindo comigo que é uma travesti, de ter um iluminador que é uma dragqueen. Decidimos que todas essas pessoas deveriam estar com a gente, a melhor forma de falar de inclusão é inserindo na realidade essas pessoas que são discriminadas”.

A atriz travesti e ativista Dandara Vital, assistente de direção do espetáculo, comemora sua participação em um projeto de inclusão como este: “A luta contra o transfake visa a inclusão de pessoas trans na arte em geral, ainda existe uma resistência das pessoas cis (pessoa que se identifica com as características do gênero designado a ela no nascimentoem entenderem a Representatividade Trans, e apesar de ter uma artista cis narrando as vivências trans, mas foi uma atriz que quando conversei não teve a resistência em incluir pessoas trans”.

Sobre Lucilla Diaz

Começou a estudar teatro em Brasília, depois foi para a Itália, estudar, por onde ficou 20 anos. Lá se formou como atriz, esteve em diversas peças, filmes para televisão, seriados e cinema. Em Roma frequentou o DUSE International, uma escola de teatro e cinema onde conheceu Marco Calvani, autor do texto que inspirou a peça “Kim – O amor é a tua cura“. Lucilla estudou também em Nova York, com Susan Batson, coach de estrelas de Hollywood como Nicole Kidman e Tom Cruise. Em Los Angeles estudou na Beverly Hills Playhouse Institute e de volta ao Brasil em 2012 está no grupo de teatro TA NA RUA, criado há 38 anos atrás pelo Mestre Amir Haddad. Lucilla considera sua entrada no TA NA RUA um divisor de águas como atriz, cidadã e ser humano.

Ficha Técnica:

Kim – Ficha técnica

Texto original: Marco Calvani

Atuação e adaptação do texto- Lucilla Diaz

Piano: Vivian Fróes

Direção e Adaptação – Alessandro Brandão

Livremente inspirado em Unhas de Marco Calvani e Marco Marra

Diretora assistente e participação especial – Dandara Vital

Iluminação – Alec Oliveira

Videos – Felipe Kusnitzki

Figurino e Visagismo – Teddy Zanny

Assistente de Producão, figurino e visagismo – Aurora Borealis

Equipamento de iluminação – Art Light

Assessoria de Imprensa – Nobre Assessoria

Direção de Produção – Alina Lyra

Produção – Alkaparra Produções

Serviço:
Temporada: De 21 de agosto até 03 de outubro

Dias: Terças e Quartas às 20h

Duração: 1h

Classificação Etária: 16 anos

Local: Teatro Candido Mendes – Rua Joana Angélica, 63 – Ipanema

Ingressos: R$ 50,00

 

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